A “alma” é a denominação da parte interna, oca do cano de uma arma de fogo, que se estende desde a culatra até a boca do cano, destinada a resistir à pressão da explosão dos gases e orientar o projétil. Pode ser classificada em lisa ou raiada, de acordo com o tipo de munição para o qual a arma foi projetada. São normalmente divididas em alma lisa e alma raiada. As armas de fogo com cano de alma lisa, geralmente denominadas de espingarda, podem apresentar um estrangulamento próximo à boca do cano, denominado choque, para dar determinado agrupamento maior ou menor às munições de múltiplos projéteis (balins). Outros exemplos são os primeiros canhões, mosquetões e a grande maioria das armas de antecarga. Já os revólveres, pistolas, submetralhadoras, carabinas, fuzis e metralhadoras são armas normalmente dotadas de cano com alma raiada, nas quais as raias são saliências encontradas na face interna do cano, que imprimem um movimento de rotação ao projétil, para que tenha uma trajetória estável ao longo do seu percurso e maior alcance. Na letra do Decreto nº 3.365, de 20/11/2000 (R-105), verifica-se o conceito de raias, descrito como sulcos feitos na parte interna (alma) dos canos ou tubos das armas de fogo, geralmente de forma helicoidal, que têm a finalidade de propiciar o movimento de rotação dos projéteis, ou granadas, que lhes garante estabilidade na trajetória.” (R- 105, art. 3º, LXXI, anexo, p. 1).
Classificação quanto ao sistema de carregamento
Quanto ao sistema de carregamento, Tochetto(2003, p. 2) diz que as armas de fogo podem classificadas como de antecarga e retrocarga. Para armas de antecarga, a maioria em desuso, citase como exemplo as primeiras armas desenvolvidas, tanto fixas como portáteis, onde o municiamento era feito pela boca do cano da arma, como nos casos do mosquete e do bacamarte. Modernamente os morteiros continuam sendo carregados por antecarga. No sistema de retrocarga, o municiamento da arma é feito pela porção anterior do cano, diretamente, ou através de carregadores ou tambor. Exemplo são quase todas as armas modernas, revólveres e pistolas.
Classificação quanto ao sistema de inflamação Nas primeiras armas de fogo, para inflamar a pólvora no interior da arma era utilizado mecha ou pavio, métodos perigosos e propensos a falhas por diversos fatores, como armazenagem e influência do clima, foram abandonados pelo alto risco e falta de praticidade. Como solução, criou-se o sistema de inflamação por atrito, com várias versões como o fecho de roda, sistema flintlock e miguelette. Modernamente, a evolução do sistema de inflamação veio acompanhada da evolução da pólvora e o advento do cartucho, e também da invenção da espoleta, atribuída ao reverendo escocês Alexander John Forsyth, em 1807. Ele patenteou um “engenho de percussão que utilizava o fulminato de mercúrio (detonante), descoberto em 1779 por Haward, que iniciava a queima da pólvora” (TOCCHETTO, 2003, p.10).
Classificação quanto ao sistema de inflamação por percussão. a) Percussão extrínseca Esse sistema foi muito utilizado em armas portáteis, onde a espoleta era colocada no lado externo à câmara em uma pequena saliência, chamada ouvido, sendo que a chama era transferida à carga de propulsão por um orifício solidário ao ouvido. Muitas armas antigas que utilizavam o sistema de iniciação por mecha foram na época convertidas por armeiros experientes para utilizarem o sistema de iniciação por percussão extrínseca (TOCCHETTO, 2003, p.12). Esse 18 sistema ainda sofria deficiências, relativas principalmente à chuva ou fatores que umedecessem a espoleta ou pólvora. b) Percussão intrínseca Antigamente, as primeiras armas de percussão intrínseca utilizavam cartuchos do tipo Lefaucheux, no início do século XIX, e eram denominadas de armas de percussão por pino lateral, pois a espoleta era colocada num pequeno pino externo ao estojo. Surgiram posteriormente os cartuchos cuja espoleta era integrada ao corpo do estojo, em formato de anel na base. Por analogia, as armas que utilizam este tipo de cartucho são chamadas de armas de percussão radial, lateral ou de fogo circular, por exemplo, as armas no calibre .22LR. Outro tipo de cartucho desenvolvido e atualmente o mais utilizado é aquele cuja espoleta está localizada centralizada no fundo do estojo. O sistema de percussão para esse tipo de cartucho é chamado percussão central ou fogo central. Existem dois tipos de percussão: direta e indireta. Nas armas de percussão direta o percussor está montado no cão ou o percussor é um prolongamento do cão. Nas armas de percussão indireta, o percussor é uma peça independente que recebe o impacto do cão ou do martelo para, depois desse impacto, ser projetado e atingir a espoleta. (SENASP, 2009, p.15). outro modo de inflamação, aquela por contato elétrico, é utilizada nas bazucas e em poucas peças de artilharia. 3.2.5 Classificação quanto ao sistema de funcionamento De acordo com Tocchetto (2003, p.13), a classificação quanto ao funcionamento se dá seguindo os modos de fogo, que podem ser não-automático, semiautomático e automático. O modo não automático denomina um sistema no qual tanto a alimentação da câmara quanto a liberação do percussor dependem unicamente da força física do atirador. Além disso, estas armas podem ser ainda divididas em armas de tiro único, onde um estojo de cada vez é inserido manualmente na parte posterior do cano, podendo haver mais de um cano, ou arma de repetição, onde vários estojos são inseridos na arma, mas todas as etapas do disparo são operadas 19 manualmente. Nesta categoria encontram-se quase a totalidade dos revólveres, as espingardas por ação de bomba, os pistolões e as carabinas por ação de alavanca ou ferrolho. As armas semiautomáticas têm um sistema pelo qual a arma atira, ejeta o cartucho, inserindo outro na câmara e rearma o mecanismo de disparo, apenas com um acionamento da tecla do gatilho, necessitando repetir o acionamento deste para que um novo disparo ocorra. São exemplos a maioria das pistolas. Já as armas automáticas, mediante o acionamento da tecla do gatilho e enquanto esta estiver pressionada, atiram continuamente, ejetando e realimentando a arma até que se esgote a munição de seu carregador ou pare o acionamento do gatilho. São exemplos as metralhadoras e sub-metralhadoras. Neste ínterim, as armas de não-automáticas de repetição e semi-automáticas, podem existir três formas de ação: as de ação simples, dupla e “ação segura”. A ação simples se refere à ação de revólveres que precisam ser engatilhados a cada vez que se dispara, ou a algumas pistolas semi-automáticas que necessitam armar o cão ou puxar o ferrolho antes do primeiro tiro como todas as armas longas, as pistolas mais antigas e garruchas. Por ação dupla entende-se a capacidade de uma arma atirar a cada vez que o gatilho é puxado, sem que seja preciso armar manualmente o cão ou o percussor entre os disparos, e a maioria dos revólveres e pistolas modernas funciona assim. Por fim, existe a ação segura (safe-action), caracterizada por um conjunto de três travas, liberadas automaticamente quando há acionamento do gatilho, permitindo o disparo, não se trata nem de ação simples nem de ação dupla. Desse tipo, o exemplo mais notável são as pistolas Glock, desenvolvidas no final do século 19. Esta pistola não possui travas externas, uma vez que a primeira trava encontra-se no próprio gatilho, e só permite o que ele se mova quando deliberadamente pressionado pelo dedo do atirador, a segunda trava é a do percutor, liberada após o acionamento do gatilho, e a terceira trava bloqueia o percutor quando sem uso, e evita disparo acidental por queda do armamento. 3.2.6 Classificação quanto ao uso As armas de fogo são classificadas quanto ao uso ou emprego em coletivas e individuais, conforme Tochetto (2003, p. 3). Por armas de uso coletivo entendem-se as que são exclusivamente militares e necessitam de mais de um operador para preparo e utilização. Elas 20 possuem dimensões maiores, são pesadas e usadas em benefício de um grupo, por exemplo, as peças de artilharia, morteiros e metralhadoras pesadas. As armas individuais são as que podem ser utilizadas por uma única pessoa, mais leves e menores como as pistolas, revólveres, fuzis, carabinas, metralhadoras leves e outras. 3.2.7 Classificação quanto à mobilidade Compreendem-se neste rol as armas fixas, que permanecem montadas em determinado local, tendo apenas possibilidade de deslocamento nos planos vertical e horizontal, como os canhões e metralhadoras antiaéreas montadas nos navios de guerra; as armas móveis, que podem ser transportadas para outro lugar, normalmente através de veículos ou tração animal; as semiportáteis, uma vez que podem ser divididas em arma e suporte, os morteiros e metralhadoras pesadas, por exemplo, e serem deslocadas com facilidade por dois ou três homens; e finalmente as portáteis, armas que podem ser facilmente conduzidas por um único homem. Tochetto (2003, p. 3) as divide em longas e curtas, sendo as armas longas as que exigem o uso das duas mãos para o manuseio e utilização eficazes, como a carabina e o fuzile as armas curtas aquelas que podem ser utilizadas eficazmente com uma única mão, como as pistolas e os revólveres.
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