Em uma guerra, a função da camuflagem é muito simples: esconder os soldados e seus equipamentos do alcance dos inimigos. Na realidade, a idéia básica da camuflagem é bastante antiga. Os animais já se mesclavam ao ambiente por meio de
Nos últimos 100 anos, a camuflagem foi um elemento muito importante nas operações militares de muitos países. Neste artigo, vamos entender a idéia básica da camuflagem militar e como ela ajuda os soldados a derrotarem o inimigo. Também vamos falar sobre a camuflagem moderna e como ela se adaptou aos avanços tecnológicos.
A camuflagem mais básica é a utilizada pelo soldados nos campos de batalha. A roupa camuflada convencional tem dois elementos que ajudam a ocultar uma pessoa:
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O material de camuflagem é colorido com cores que se combinam com as cores predominantes do ambiente em que se está. Em uma guerra na selva, a camuflagem utilizada é geralmente verde e marrom (semelhante à folhagem e à cor da terra). No deserto, os soldados usam tonalidades douradas e bronze. A camuflagem para a neve é branca e cinza. Para completar a camuflagem, os soldados também pintam seus rostos.O material da camuflagem pode ter uma única cor ou diversos padrões misturados de cores. A razão para usar esse tipo de padrão é causar
. As linhas ondulantes das
do corpo. Quando se olha para um pedaço de mancha camuflada em um ambiente semelhante, o
"conecta" as linhas das manchas coloridas com as linhas das árvores, chão, folhas e sombras. Isso afeta a maneira como se percebe e reconhece a pessoa ou objeto que está usando a camuflagem.
A percepção humana naturalmente define as coisas como objetos individuais. Quando se olha para uma cena, uma imensa quantidade de informação é captada com os olhos e outros sentidos. Para que a mente consciente ache algum sentido em toda a informação, o cérebro precisa dividir tudo em
. Quando o cérebro percebe uma área longa e vertical com manchas de cor marrom e verde, percebe-se uma árvore. Quando o cérebro capta muitas árvores numa determinada área, percebe-se uma floresta.
. Imagine uma pilha de 12 blocos. Se todos os blocos são vermelhos, percebe-se a pilha como uma unidade. Mas se os últimos seis são vermelhos e os primeiros seis blocos são azuis, pode-se perceber a pilha como duas unidades separadas. É uma pilha de blocos azuis em cima de uma pilha de blocos vermelhos. E se os blocos vermelhos com os blocos azuis fossem misturados, não seria possível agrupá-los em unidades coloridas. Reconhecemos uma coisa como um objeto separado se ele tiver uma cor contínua. Uma pessoa pode se destacar muito mais se usar roupas de uma única cor em vez de muitas cores. Em uma floresta, pode-se perceber um a grande quantidade de cores em um material camuflado como pequenas partes integrantes da folhagem do ambiente.Dessa maneira, as manchas de camuflagem ajudam a ocultar as pessoas. Uma vez que a pessoa camuflada é identificada, ela se destaca e parece estranho que não tenha sido vista antes. Isso acontece porque o cérebro processa a cena visual de maneira diferente. Ele agora procura uma única pessoa.
A camuflagem não é utilizada somente para esconder pessoas. Na próxima seção, vamos ver como o exército usa a camuflagem para esconder fortes e equipamento pesado.
Disfarce e isca
Na última seção, vimos que o material de camuflagem ajuda os soldados a se misturarem com o ambiente, assim o inimigo não consegue detectá-los. Mas, em uma guerra moderna, esconder soldados geralmente tem importância secundária. Desde a Primeira Guerra Mundial, os exércitos utilizam
aeronaves para procurar o inimigo. Para esconder equipamentos e bases de aviões sobrevoando a área, as forças terrestres começaram a usar camuflagem.
Foto cedida Exército norte-americano Piloto da Força Aérea norte-americana cobre um caminhão com uma rede de camuflagem
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Desde a Segunda Guerra Mundial, quase todos os equipamentos militares são pintados com cores verde e marrom para se misturarem com a folhagem natural. Além disso, os soldados sempre carregam redes camufladas e cercas, que são colocadas em cima dos veículos militares para escondê-los melhor. Os soldados também são treinados para improvisar camuflagem utilizando folhagem natural. Utilizando esses recursos, os exércitos na Segunda Guerra Mundial camuflaram tanques de guerra, jipes, aviões, armas, usinas e bases militares.
Foto cedida Exército norte-americano Soldado camufla tanque de guerra com galhos em um exercício de simulação de batalha
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A camuflagem de
navios de guerra é bem mais difícil, já que eles estão sempre em um ambiente com uma cor uniforme. Na Primeira Guerra Mundial, as forças militares descobriram que não existia uma maneira de "mesclar" os navios com o ambiente, mas havia uma forma de torná-los menos suscetíveis a ataques. A camuflagem
dazzle, criada em 1917, conseguiu fazer isso ocultando a trajetória do navio. A camuflagem dazzle lembra uma pintura cubista com muitas formas geométricas coloridas agrupadas. Como uma mancha em uma roupa camuflada, esse design dificulta a visualização das bordas do navio e a distinção entre bombordo e estibordo. Se a tripulação de um submarino ou navio não sabe para que direção o alvo está indo, é muito mais difícil atingi-lo com um torpedo.
Os militares também utilizam
iscas como camuflagem. Diferentemente da camuflagem tradicional, o objetivo das iscas não é ocultar equipamento e sim
despistar o inimigo de seu objetivo. Na Batalha da Grã-Bretanha, as forças aliadas criaram mais de 500 falsas cidades, bases, campos de aviação, estaleiros que pareciam prédios e equipamentos militares reais. Esses locais falsos, construídos em áreas remotas e inabitadas, diminuíram significativamente o dano nas cidades reais e fizeram que as potências do Eixo perdessem tempo e recursos.
Foto cedida Exército norte-americano HMS Belfast, navio britânico utilizado na Segunda Guerra Mundial, transformou-se em museu flutuante no rio Tâmisa, em Londres. A pintura desse navio é uma variação da clássica camuflagem dazzle.
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Esse tipo de camuflagem ainda é bastante usado e funciona bem. Muitos equipamentos modernos de iscas têm sistemas pneumáticos avançados que simulam o movimento real. A camuflagem tradicional ainda é usada, mas nem sempre é eficaz. Como veremos na próxima seção, a tecnologia moderna identifica o inimigo muito mais facilmente, mesmo que ele esteja misturado com as cores do ambiente.
Difícil de se esconder
A tecnologia de camuflagem se desenvolveu muito nos últimos anos, assim como a tecnologia que permite identificar a camuflagem. Hoje, o exército utiliza termografia para captar o calor gerado por uma pessoa ou equipamento. Além disso, podem-se utilizar
radar,
visão noturna, fotos de
satélite e dispositivos avançados de escuta para detectar o inimigo.
Foto cedida Exército norte-americano Camuflagem de armas dos fuzileiros navais
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Para despistar essa tecnologia, o exército precisa pensar além da ocultação visual. Em uma guerra moderna, a camuflagem de equipamento e soldados é feita com um material que impede a propagação do calor. Dessa maneira, a "assinatura" térmica não aparece na
termografia. Nos navios, a maior fonte de calor é o motor. Para reduzir a emissão de calor, alguns navios modernos esfriam o motor com água do mar. Alguns tanques de guerra também têm um
sistema de resfriamento para mascarar o calor que é gerado.
Para combater a
visão noturna (a amplificação de pequenas quantidades de luz, inclusive luz infravermelha de baixa freqüência), alguns exércitos utilizam sofisticadas
cortinas de fumaça. Uma grossa camada de fumaça bloqueia a
luz, criando um tipo de invisibilidade para tudo o que estiver atrás da cortina de fumaça. Alguns relatórios informam que os Estados Unidos estão trabalhando em uma cortina de fumaça que impede a
visão noturna, mas permite o funcionamento eficaz de visores termais norte-americanos. A empresa britânica construtora de navios
Vosper Thorneycroft(em inglês) desenvolveu um sistema que utiliza uma série de esguichos d'água para produzir uma
neblina constante em volta do navio e torná-lo oculto.
Foto cedida Exército norte-americano Pilotos da Força Aérea norte-americana ocultam abrigo na Guerra do Golfo. O uniforme dos pilotos, assim como a rede de camuflagem, mistura-se ao ambiente do deserto.
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A tecnologia
stealth permite esconder os equipamentos militares da detecção dos
radares. Em um equipamento stealth, a superfície do veículo é formada por
planos achatados interconectados por
ângulos incomuns. Esses planos servem para
refletir as
ondas de rádio do radar para que a trajetória delas seja modificada. O equipamento também pode ser coberto com uma camada de material que "
absorve o radar". Quando uma onda de rádio atinge um objeto, os elétrons naquele objeto são estimulados, já que a onda passou alguma energia. Em um bom material condutor, como uma antena de metal de rádio, os elétrons se movem facilmente. Por isso, as ondas de rádio não perdem muita energia para agitar esses elétrons. Por outro lado, o material que absorve as ondas do radar são péssimos condutores, por isso, a
resistência para mover os elétrons é maior. Assim, as ondas de rádio perdem mais energia, que é emitida na forma de calor. Isso reduz a qualidade do sinal de rádio refletido.
Foto cedida Exército norte-americano Veículos militares pintados com camuflagem de deserto na Operação Tempestade no Deserto
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A
tecnologia de isca também se desenvolveu para evitar a detecção pelos sistemas modernos. O exército americano e outros exércitos desenvolveram iscas infláveis que não só lembram visualmente os veículos, mas também replicam a assinatura térmica e de radar desse equipamento. Para os radares e rastreadores de longa distância, essas iscas são idênticas ao equipamento real. Uma técnica mais imprecisa de isca é encher uma área com diversos tipos de objetos que serão detectados nos radares, visores térmicos e dispositivos de escuta. Assim, o inimigo terá mais dificuldade em focar num determinado tipo de equipamento.
Com o avanço do equipamento de detecção e espionagem, os engenheiros militares terão que pensar em novas e sofisticadas técnicas de camuflagem. Uma idéia interessante que já está sendo utilizada é a
camuflagem inteligente. Esse tipo de camuflagem muda a cobertura externa de um equipamento a partir de uma análise computadorizada do ambiente. Não importa quão avançada seja a camuflagem: a idéia básica ainda é a mesma utilizada pelos primeiros caçadores. Descobrir como o inimigo vê você e mascarar todos os elementos que fazem você se destacar.
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